segunda-feira, 18 de maio de 2009

A Louca da Casa

Nas minhas andanças pelas livrarias procurava por algo que me trouxesse de volta a inspiração perdida. Nada íor do que ter uma mente árida e um coração oco. Buscando aqui e acolá me deparei com esse título sugestivo (principalmente, ao que diz respeito a personalidade desta que vos descreve) e pela capa do livro que é maravilhosa. Uma menina de vestidinho rosa entre tantas outras de vestimenta cinza.
O livro de Rosa Montero acima mencionado nos leva a uma narrativa gostosa como quem conta uma estória antiga. Os assuntos abordados são diversos, mas a ênfase principal foca o processo criativo do escritor.
Postarei os trechos, que é claro, me tocaram mais profundamente. (Serão diversos posts, pois ainda não terminei o livro...).
"Não acredito em magia, não sou supersticiosa e não pretendo dizer que se pode aproveitar a escrita de um romance para fazer vodu destinado a algum inimigo. Mas, acredito no mistério, ou seja, acho que a vida é um mistério descomunal do qual só arranhamos a casquinha, apesar das nossas pretenções de grandes cérebros. Na verdade não sabemos quase nada : e a pequena luz dos nossos conhecimentos é rodeada (ou melhor, sitiada, como diria Conrad) por um tumulto de agitadas trevas. Também acredito, e continuo com Conrad, na linha de sombra que separa a luz da escuridão; em margens confusas e fronteiras incertas. Em coisas inexplicáveis que nos paracem mágicas só porque somos ignorantes. O romance se dá numa região turva e escorregadia; em torno de um romance sempre acontecem as coisas mais estranhas. Como por exemplo as coincidências."
"O sucesso angustia, porque não é um objeto que você possa possuir nem trancar num cofre. De fato, o sucesso é um atributo do olhar dos outros, os quais, repentinamente e de maneira na verdade nastante arbitrária, decidem olhar para você com placidez e agrado, dando-lhe o incerto de presente e agrado, dando-lhe o incerto presente de considera-lo bem sucedido. Uma vez situado sobre esse feixe de luz proveniente do olhar dos outros,os seres humanos costumam desejar que a lâmpada não se apague, e isto nos deixa numa situação de fraqueza e dependência, porque não sabemos direito o que fazer para que o refletor continue brilhando. Tais tribulações, que me parecem gerais para qualquer tipo de sucesso, creio que são ainda piores no caso dos escritores, primeiro porque, como já disse, somos uns coitados especialmente carentes do olhar alheio, e em segundo lugar porque, quando começamos a escrever para agradar a esse olhar em vez de seguir os ditames do daimom, como dizia Kipling, então todo o nosso possível talento, pequeno ou médio, vira fosfina e o que escrevemos se transforma em lixo".
"Queria tudo. E querer tudo é o mesmo que não querer nada; algo tão grande que não se pode abarcar".
"Tenho a sensação de que não se pode escrever direito se você transforma a sua vida numa mentira; há autores que foram verdadeiros miseráveis em sua existência e no entando produziram obras maravilhosas, mas provavelmente não mentiam para si mesmos: deviam ser malvados mas consequentes; ou seja, é possível que a mentira seja o verdadeiro antídoto da crianção. Mas, talvez seja o contrário : quem sabe sua vida não vai a pique porque você transforma a sua vida numa mentira."
"...Para escrever, enfim, vale a pena continuar sendo criança em alguma região de si mesmo. Vale a pena não crescer demais..."
"...Quero dizer que escrevemos na escuridão, sem mapas, nem bússola, sem sinais reconhecíveis do cominho. Escrever é flutuar no vazio."
"...O tesouro das experiências não passa de uma caixinha de bijouterias..."
.."É melhor morrer com dignidade mas sem dar testemunho do ocorrido, ou é preferível ficar vivo a qualquer preço e em compensação contar, lembrar, denunciar...Não creio que alguém escolha viver para poder contar: na verdade, você se aferra cegamente à vida porque é um animalzinho apavorado com a morte."

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