sábado, 30 de maio de 2009

A Louca da Casa - Parte II


Conforme prometido, segue a segunda parte do post.
Bjos,
P.




  • "Hoje chego a considerar essas crises como um verdadeiro previlégio, porque foram uma espécie de viagem extramuros, uma pequena excursão turística pelo lado selvagem da consciência. Minhas agústias me permitiram espreitar a escuridão; e somente se você já esteve lá, ainda que superficial e brevemente como eu estive, pode entender o que significa viver do outro lado. Naquele lugar aterrador aonde os outros não chegam, exilado da realidade comum, encerrando no silêncio e em você mesmo. Minhas angústias, enfim, me tornaram mais sábia".



  • "A essencia da loucura é a solidão. Uma solidão psiquica absoluta que produz um sofrimento insuportável. Uma solidão tão superlativa que não cabe dentro da palavras solidão e que não pode ser imaginada por quem não a conheceu. è como estar enterrado vivo no interior de um túmulo."



  • " A loucura é viver no vazio dos outros, numa ordem que ninguém compartilha"




  • Porque os seres humanos não apenas são menores que seus sonhos, também são menores que suas alucinações. A imaginação sem freio é como um raio no meio da noite: abrasa mas ilumina o mundo. Enuqnato dura essa faísca deslumbrante, tentamos vislumbrar a totalidade, aquilo que alguns chamam de Deus e que para mim é uma baleia orlada de crustáceos,"


  • "Sonhamos, escrevemos e criamos para isso, para tentar tocar na beleza do mundo..."



  • "Assim todos passamos a vida, com saudades daquilo que é maior que nós, o pó de estrelas que fomos um dia."

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A Louca da Casa

Nas minhas andanças pelas livrarias procurava por algo que me trouxesse de volta a inspiração perdida. Nada íor do que ter uma mente árida e um coração oco. Buscando aqui e acolá me deparei com esse título sugestivo (principalmente, ao que diz respeito a personalidade desta que vos descreve) e pela capa do livro que é maravilhosa. Uma menina de vestidinho rosa entre tantas outras de vestimenta cinza.
O livro de Rosa Montero acima mencionado nos leva a uma narrativa gostosa como quem conta uma estória antiga. Os assuntos abordados são diversos, mas a ênfase principal foca o processo criativo do escritor.
Postarei os trechos, que é claro, me tocaram mais profundamente. (Serão diversos posts, pois ainda não terminei o livro...).
"Não acredito em magia, não sou supersticiosa e não pretendo dizer que se pode aproveitar a escrita de um romance para fazer vodu destinado a algum inimigo. Mas, acredito no mistério, ou seja, acho que a vida é um mistério descomunal do qual só arranhamos a casquinha, apesar das nossas pretenções de grandes cérebros. Na verdade não sabemos quase nada : e a pequena luz dos nossos conhecimentos é rodeada (ou melhor, sitiada, como diria Conrad) por um tumulto de agitadas trevas. Também acredito, e continuo com Conrad, na linha de sombra que separa a luz da escuridão; em margens confusas e fronteiras incertas. Em coisas inexplicáveis que nos paracem mágicas só porque somos ignorantes. O romance se dá numa região turva e escorregadia; em torno de um romance sempre acontecem as coisas mais estranhas. Como por exemplo as coincidências."
"O sucesso angustia, porque não é um objeto que você possa possuir nem trancar num cofre. De fato, o sucesso é um atributo do olhar dos outros, os quais, repentinamente e de maneira na verdade nastante arbitrária, decidem olhar para você com placidez e agrado, dando-lhe o incerto de presente e agrado, dando-lhe o incerto presente de considera-lo bem sucedido. Uma vez situado sobre esse feixe de luz proveniente do olhar dos outros,os seres humanos costumam desejar que a lâmpada não se apague, e isto nos deixa numa situação de fraqueza e dependência, porque não sabemos direito o que fazer para que o refletor continue brilhando. Tais tribulações, que me parecem gerais para qualquer tipo de sucesso, creio que são ainda piores no caso dos escritores, primeiro porque, como já disse, somos uns coitados especialmente carentes do olhar alheio, e em segundo lugar porque, quando começamos a escrever para agradar a esse olhar em vez de seguir os ditames do daimom, como dizia Kipling, então todo o nosso possível talento, pequeno ou médio, vira fosfina e o que escrevemos se transforma em lixo".
"Queria tudo. E querer tudo é o mesmo que não querer nada; algo tão grande que não se pode abarcar".
"Tenho a sensação de que não se pode escrever direito se você transforma a sua vida numa mentira; há autores que foram verdadeiros miseráveis em sua existência e no entando produziram obras maravilhosas, mas provavelmente não mentiam para si mesmos: deviam ser malvados mas consequentes; ou seja, é possível que a mentira seja o verdadeiro antídoto da crianção. Mas, talvez seja o contrário : quem sabe sua vida não vai a pique porque você transforma a sua vida numa mentira."
"...Para escrever, enfim, vale a pena continuar sendo criança em alguma região de si mesmo. Vale a pena não crescer demais..."
"...Quero dizer que escrevemos na escuridão, sem mapas, nem bússola, sem sinais reconhecíveis do cominho. Escrever é flutuar no vazio."
"...O tesouro das experiências não passa de uma caixinha de bijouterias..."
.."É melhor morrer com dignidade mas sem dar testemunho do ocorrido, ou é preferível ficar vivo a qualquer preço e em compensação contar, lembrar, denunciar...Não creio que alguém escolha viver para poder contar: na verdade, você se aferra cegamente à vida porque é um animalzinho apavorado com a morte."